China: país enfrenta crise econômica e imobiliária desde 2021. (Leandro Fonseca/Exame)
Freelancer
Publicado em 11 de junho de 2025 às 07h38.
Durante a crise econômica e imobiliária, consumidores na China viram o poder de compra cair. Mandy Li, funcionária de uma estatal do setor de energia, relatou uma queda de 10% em seu salário, além de perceber que os imóveis da família perderam metade do valor. Agora, ela só compra bolsas de luxo em brechós.
“Estou cortando gastos grandes”, disse Li à Reuters, enquanto procurava promoções na Super Zhuanzhuan, loja em Pequim. “A economia está claramente em queda. A riqueza da minha família encolheu muito”.
Dados divulgados nesta semana mostraram que os preços ao consumidor caíram 0,1% em maio, comparado ao ano todo. A deflação vem acompanhada por guerras de preços em setores como automóveis, comércio eletrônico e cafeterias. A combinação de excesso de oferta e consumo fraco está preocupando autoridades chinesas.
A consultoria Capital Economics avalia que o problema não deve ser ageiro. “Acreditamos que a capacidade ociosa persistente manterá a China em deflação neste ano e no próximo”, afirmou em nota.
Com os consumidores mais sensíveis a preços, o mercado de produtos de luxo usados cresceu mais de 20% em 2023, segundo a consultoria Zhiyan. Mas esse aumento também ampliou a oferta e forçou descontos maiores do que o habitual.
Antes, lojas aplicavam promoções de 30% a 40%. Agora, segundo a Reuters, é comum encontrar produtos com até 90% de desconto. Na Super Zhuanzhuan, uma bolsa Coach que custava 3.260 yuans (US$ 454) pode ser comprada por 219 yuans (US$ 30). No setor de joias, um colar da Givenchy de 2.200 yuans está saindo por 187.
Lisa Zhang, da Daxue Consulting, afirma que muitos consumidores de marcas de luxo migraram para o mercado de usados. “Os vendedores estão oferecendo mais descontos porque a concorrência cresceu”, disse à Reuters.