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Os novos planos da Chanel e Miu Miu: a reciclagem de peças e tecidos

Nesta semana, a Chanel anunciou o lançamento da Nevold, uma iniciativa voltada para o final da vida útil de recortes de tecidos

Chanel: mercado asiático é responsável por mais de 50% das vendas da empresa de luxo (Budrul Chukrut/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

Chanel: mercado asiático é responsável por mais de 50% das vendas da empresa de luxo (Budrul Chukrut/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 11 de junho de 2025 às 13h37.

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O mercado de moda é conhecido por ser um dos maiores poluidores do planeta, e há alguns anos, imagens de um lixão de roupas no Atacama chocaram o mundo. No entanto, ainda que essa culpa se volte às fast fashions com suas produções e descartes acelerados, as grandes marcas de moda também estão se movimentando para a gestão de resíduos, reciclagem e upcycling.

Na última década, o valor do estoque não vendido de gigantes do luxo como Kering e LVMH chegou a bilhões de dólares, segundo o site Business of Fashion.

Nesta semana, a Chanel anunciou o lançamento da Nevold (nome que une as palavras "never old", ou "nunca velho"), uma iniciativa voltada para o final da vida útil de recortes de tecidos, tecidos não utilizados e produtos não vendidos ou antigos.

A escolha da Chanel não é apenas um mea culpa sobre a saúde do planeta, mas também envolve uma preocupação quanto a escassez de recursos. Muitas das matérias primas mais valorizadas no setor de luxo, como cashmere, seda e couro, estão sob ameaça devido às mudanças climáticas. Assim, as sobras da última temporada se tornaram um bem valioso para as coleções futuras.

“Não se trata de a Chanel recuperar seus resíduos para fazer Chanel. É a Chanel recuperando resíduos da Chanel e de quem no mercado estiver pronto para nos vender o resíduo para recriar um novo tipo de material”, disse Bruno Pavlovsky, presidente da área de moda da Chanel ao BOF.

A preparação para a criação da Nevold começou em 2019, com o intuito de expandir a empresa para ser uma prestadora de serviços B2B e desenvolver soluções circulares para a indústria da moda.

A estratégia é antiga, já que Maison sa conta com mais de 50 fábricas e ateliês especializados para proteger sua cadeia de suprimentos no futuro. “Esta decisão está se tornando cada vez mais importante e estratégico para nós. Se quisermos continuar a existir e fazer o que fazemos, precisamos antecipar e ver como podemos repensar essa ideia de materiais e matérias-primas.”

“A ambição é que a Nevold faça parte de um processo de transformação profunda que repensa todo o ciclo de vida do produto, desenvolvendo novas habilidades e profissões... e contribuindo para uma economia mais circular”, afirmou a empresa em um comunicado à imprensa.

No ano ado, a LVMH anunciou o investimento de 200 mil euros em sistemas de reciclagem de ciclo fechado, a fim de transformar materiais antigos e estoque não utilizado em novos tecidos e fios para suas casas de moda e artigos de couro.

Para este ano, a gigante da moda prevê aumentar o investimento para 300 mil euros.

Velhas peças, novas roupas

Outras estratégias também surgem no setor de luxo. A Miu Miu apresentou uma solução para reviver peças de coleções antigas através do upcycling.

Em 2020, a marca de Miuccia Prada decidiu garimpar peças vintage e retrabalhá-las. Depois de restauradas, as peças são ajustadas e finalizadas com bordados e enfeites da marca. Para este ano, a coleção conta com 80 peças dos anos 1930 a 1980. Os vestidos estão disponíveis em lojas Miu Miu em Milão, Londres, Paris, Moscou, Nova York, Xangai, Hong Kong, Tóquio, St. Moritz.

“Durante 10 anos, me vesti com roupas vintage. Muitas vezes me perguntava por que eu gostava tanto, e acho que é pela história. Cada vestido representa uma pessoa, um pedaço de uma vida. Para mim, o ado sempre teve um valor incrível porque tudo o que você aprende vem dele”, disse Miuccia.

No Brasil, a ALUF e a PrettyNew anunciaram nesta semana uma parceria que incentiva a circularidade da moda. Os clientes podem levar suas peças ALUF até a loja física da marca. Lá, a equipe recebe os desapegos e a PrettyNew faz a retirada das roupas. Após esse o, a equipe da PrettyNew entra em contato com o cliente para sugerir um preço e iniciar o processo de revenda na plataforma.

Campanha da Aluf: retalhos e madeiras se transformam em roupas (Divulgação/Divulgação)

Para cada peça aprovada para venda, a ALUF dará um incentivo em forma de crédito para ser utilizado em futuras compras na própria marca e, quando o item for vendido, a PrettyNew rea o valor combinado diretamente à cliente em até 30 dias após a transação.

“Hoje já trabalhamos com nossas matérias-primas sustentáveis, mas sempre senti a necessidade de cuidar das nossas peças para além do momento da compra. iro e acompanho o trabalho da PrettyNew desde o início e foi visitando o espaço delas que tivemos a ideia de unir forças e compartilhar soluções de logística. Assim, conseguimos dar mais um o de assistência ao nosso produto, na segunda fase de vida dele”, diz Ana Luisa Fernandes, diretora criativa da ALUF. O consumo continua, agora com novas formatos de produção.

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