Ciência

Câncer sob controle? Estudo revela que os pepinos-do-mar podem ser a solução

Cientistas americanos identificaram que um composto, chamado sulfato de condroitina fucosilado, tem a capacidade de bloquear a enzima Sulf-2, associada à progressão de várias doenças

Cura do câncer: cientistas afirmam que compostos presentes em pepinos-do-mar podem ajudar no tratamento de doenças (Mehtap Ciftci/Anadolu/Getty Images)

Cura do câncer: cientistas afirmam que compostos presentes em pepinos-do-mar podem ajudar no tratamento de doenças (Mehtap Ciftci/Anadolu/Getty Images)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 10 de junho de 2025 às 17h37.

Última atualização em 10 de junho de 2025 às 18h17.

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Um carboidrato presente em uma espécie de pepino-do-mar (Holothuria floridana) demonstrou potencial para inibir uma enzima associada à progressão do câncer. É o que revela um novo estudo conduzido por pesquisadores das universidades de Mississippi e Georgetown, nos Estados Unidos, e publicado na revista científica Glycobiology.

Os cientistas identificaram que um composto, chamado sulfato de condroitina fucosilado, tem a capacidade de bloquear a enzima Sulf-2, que está envolvida na modificação de estruturas glicanas.

As glicanas são compostos formados por cadeias de açúcares que revestem a superfície das células do corpo humano, funcionando como uma espécie de “cobertura”. Essas estruturas desempenham funções essenciais, como auxiliar na comunicação celular, no reconhecimento pelo sistema imunológico e na defesa contra agentes externos, como vírus e bactérias.

Em células cancerígenas, a modificação dessas glicanas por enzimas específicas, como a Sulf-2, altera essas funções. Essa alteração na proteção celular facilita o crescimento e a disseminação do tumor pelo organismo.

"Se conseguirmos inibir essa enzima, teoricamente podemos combater a propagação do câncer", explicou Vitor Pomin, especialista em farmacognosia e um dos envolvidos no estudo, em comunicado.

Desafios para adoção do método

Testes de modelagem computacional e experimentação em laboratório confirmaram a eficácia do composto extraído dos pepinos-do-mar na inibição da Sulf-2. Ao contrário de outros medicamentos que regulam essa enzima, o composto do pepino-do-mar não afeta a coagulação sanguínea, o que evita efeitos colaterais graves, como sangramentos descontrolados.

Outro ponto positivo apontado pelos pesquisadores é a origem natural do composto. Diferentemente de fármacos extraídos de animais terrestres, como porcos, que podem transmitir vírus, o pepino-do-mar oferece uma fonte mais limpa e segura para a obtenção de medicamentos à base de carboidratos.

No entanto, a obtenção em larga escala do composto ainda representa um desafio, já que os pepinos-do-mar não estão disponíveis em grandes quantidades. O próximo o da pesquisa será desenvolver métodos para sintetizar o açúcar em laboratório e avançar para testes em modelos animais.

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