Louva-a-Deus: animal é um exemplo clássico de canibalismo sexual (MARCO BERTORELLO/AFP/Getty Images)
Repórter
Publicado em 12 de junho de 2025 às 19h36.
Última atualização em 12 de junho de 2025 às 20h54.
No fascinante e por vezes sombrio mundo animal, o canibalismo sexual se revela um comportamento comum, principalmente entre insetos, aracnídeos e até algumas serpentes.
Apesar de parecer uma prática brutal, esse ato pode ser uma estratégia evolutiva importante para garantir a sobrevivência da espécie. Em um contexto muito mais "natural" do que romântico, diversos animais praticam o canibalismo pós-cópula, onde a fêmea, após o acasalamento, devora o parceiro. Vamos dar uma olhada em algumas dessas situações inusitadas.
O louva-a-deus é um exemplo clássico de como o canibalismo sexual pode ser um "favor" para a espécie. Nesse caso, a fêmea, muito maior e mais forte que o macho, usa de seu tamanho para capturar o parceiro durante o ato sexual. Quando o macho se aproxima para acasalar, a fêmea pode, sem aviso, decapitar o parceiro. E sim, mesmo sem cabeça, o macho continua a copular. A razão por trás dessa atitude é simples: a fêmea precisa da energia extra para produzir cerca de 100 ovos. Comer o macho oferece a nutrição necessária para que ela consiga garantir a próxima geração. Curiosamente, o canibalismo também favorece os machos, já que isso assegura que seus genes sejam transmitidos, sem a necessidade de mais parceiros.
Além disso, algumas fêmeas de louva-a-deus podem se reproduzir por partenogênese – um tipo de reprodução assexuada. A alimentação com o macho proporciona a energia para isso também.
A aranha viúva-negra, outro exemplo de canibalismo sexual, também adota uma abordagem semelhante ao louva-a-deus. As fêmeas, muito maiores que os machos, atraem os parceiros com feromônios em suas teias. Para acasalar, os machos precisam se aproximar com cautela, muitas vezes colocando partes de seus corpos entre as mandíbulas da fêmea. Uma vez no controle do instinto predatório da parceira, o macho corre o risco de ser devorado. Este comportamento é mais frequente em ambientes de cativeiro, onde a competição e a falta de espaço tornam o cenário ainda mais letal.
Com as sucuris-verdes, a história de acasalamento toma um rumo peculiar: elas são poliândricas, ou seja, acasalam com vários machos durante a mesma temporada reprodutiva. A competição é feroz, com dezenas de machos se agrupando na fêmea, criando o que é conhecido como a "bola de reprodução". Esse processo pode durar até quatro semanas. Após o acasalamento, as fêmeas, que são maiores que os machos, se alimentam de um ou dois parceiros para garantir que têm energia suficiente para carregar e gerar os filhotes.
No mundo dos escorpiões, o canibalismo não é apenas uma estratégia reprodutiva, mas uma questão de sobrevivência. Após o acasalamento, as fêmeas, que podem gerar até 100 filhotes por vez, muitas vezes recorrem ao canibalismo de seus parceiros para repor as energias e garantir que têm nutrientes suficientes para cuidar de sua prole. Como são vivíparos (os embriões se desenvolvem dentro do corpo da mãe, ao invés de fora, como nos ovos), o gasto energético das fêmeas é significativo, tornando a refeição após o acasalamento um recurso vital.
Os polvos também entram na lista de animais que não hesitam em devorar seus parceiros. Durante o acasalamento, o macho usa apenas um de seus braços, chamado hectocótilo, para transferir esperma para a fêmea. Após o ato, é comum que a fêmea mate e consuma o macho. No entanto, o drama não termina aí. Após dar à luz aos filhotes, a fêmea morre, concluindo o ciclo de vida. Em algumas espécies de polvos, o canibalismo não se restringe ao casal – os próprios filhotes, na luta pela sobrevivência, podem acabar comendo uns aos outros.
O canibalismo sexual, apesar de sua aparência grotesca, é uma tática evolutiva que ajuda muitas espécies a se manterem fortes e adaptadas a seus ambientes. No fim, a natureza tem seus próprios meios de garantir a continuidade das espécies, mesmo que isso envolva algumas práticas pouco... românticas.