Ministro da Fazenda levou ao presidente resultado de encontro com Congresso no domingo
Agência de notícias
Publicado em 10 de junho de 2025 às 13h45.
Última atualização em 10 de junho de 2025 às 14h11.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou sobre as medidas do pacote alternativo ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nesta terça-feira depois de apresentar as propostas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Estiveram presentes também os ministros da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, além dos líderes do governo na Câmara e no Senado.
Segundo Haddad, as medidas devem ser enviadas à Casa Civil já nesta terça-feira.
— As mesmas [medidas] que foram conversadas com os parlamentares nos expusemos ao presidente Lula. Estamos remetendo à Casa Civil, e possível que as medidas cheguem hoje na mesa do ministro. Ainda estão fechando os cálculos para mandar para lá.
A reunião com Lula já estava prevista. O presidente estava na França até esta segunda e não participou das últimas discussões sobre as alternativas à majoração do IOF, que geraram fortes críticas dos parlamentares e de setores da economia.
Como mostrou O Globo, no domingo, em reunião com os líderes da base aliada, Haddad apresentou uma proposta de medida provisória com mudanças na tributação de aplicações financeiras e de algumas empresas para substituir cerca de dois terços do decreto do IOF. O governo deve recuar parcialmente em mudanças na taxação de operações de crédito de empresas, de risco sacado e de planos de previdência privada, entre outros.
Já as novas medidas propostas devem incluir a cobrança de 5% de imposto de renda de aplicações financeiras hoje isentas, como LCI e LCA, e a adoção de uma alíquota uniforme de 17,5% para os demais investimentos no mercado financeiro, incluindo criptomoedas. Atualmente, a tributação é regressiva, de 22,5% a 15%, conforme o tempo que o recurso fica aplicado.
Haddad ainda disse nesta terça que foram os parlamentares que propam o aumento de IR sobre a distribuição de Juros sobre Capital Próprio (J), de 15% para 20%. O ministro Haddad ainda havia adiantado que a tributação sobre as bets deve aumentar de 12% para 18%, assim como a Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL) das fintechs, de 9% para 15%.
Além disso, o governo quer enviar um projeto para fazer um corte linear de 10% nos benefícios tributários para pessoas jurídicas, excluindo a Zona Franca de Manaus, o Simples, além de entidades sem fins lucrativos.
Segundo Haddad, as medidas não mexem com o dia a dia da população e devem ajudar a queda dos juros e do dólar.
— Todas as medidas que envolvem bet e mercado financeiro não mexem com o dia a dia da população. Eu penso que estamos no caminho da justiça tributária. Isso vai favorecer a queda do juro, a queda do dólar, vai favorecer o país.
Os líderes presentes na reunião não fizeram oposição ao pacote de aumento de receita, mas tampouco firmou acordo para a aprovação. Nesta segunda-feira, o presidente da Câmara, Hugo Motta, disse que não há compromisso em chancelar as medidas apresentadas pelo governo.
— Não há compromisso do Congresso de aprovar as medidas. A medida provisória foi uma vitória não só do Congresso, mas também da sociedade. Essas medidas do governo inauguraram a possiblidade do debate de medidas estruturantes, senão o aumento do IOF teria sido derrubado pelo Congresso se tivesse sido pautado — disse Motta, no evento “Agenda Brasil — O cenário fiscal brasileiro”.
A equipe econômica também aproveitou o encontro para demonstrar incômodo com o crescimento de gastos, especialmente com o Benefício de Prestação Continuada (BPC), o Fundeb, as emendas parlamentares e as transferências para estados e municípios. Mas não obteve aval dos líderes presentes para seguir com medidas de ajuste nesses pontos.