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Safra rebaixa C&A, Vivara e Azzas: ‘desafios macroeconômicos e potencial de valorização limitado’

Banco adota uma postura mais cautelosa refletindo a preocupação com o impacto de altas taxas de juro e o endividamento dos consumidores

O banco prevê que a divisão de produtos fashion alcance uma margem bruta de 40% até o quarto trimestre de 2025, o que resultaria em uma expansão de 1 ponto percentual na margem bruta consolidada ao longo do ano (C&A/Divulgação)

O banco prevê que a divisão de produtos fashion alcance uma margem bruta de 40% até o quarto trimestre de 2025, o que resultaria em uma expansão de 1 ponto percentual na margem bruta consolidada ao longo do ano (C&A/Divulgação)

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 11 de junho de 2025 às 18h42.

Última atualização em 11 de junho de 2025 às 19h15.

O Banco Safra rebaixou as ações de C&A (CEAB3), Vivara (VIVA3) e Azzas (AZZA3) de compra para neutro, destacando um cenário macroeconômico mais desafiador previsto para o segundo semestre de 2025 e o potencial limitado de valorização após altas expressivas das ações nos últimos meses.

O banco também revisou os preços-alvo para as empresas: o da C&A foi reduzido de R$19,00 para R$16,50, enquanto o da Azzas ou de R$47,00 para R$38,00.

A postura mais cautelosa do banco se baseia nos riscos associados ao ciclo monetário mais restritivo, que pode impactar o poder de compra dos consumidores. Além disso, as atenções estão voltadas para o impacto das taxas de juro elevadas, o endividamento das famílias e a gestão de inventários, especialmente para a Vivara, que enfrenta desafios em relação ao seu alto estoque de produtos.

Preocupações com o C&A Pay

A C&A, que teve alta de aproximadamente 45% desde a última atualização do Safra em 14 de abril, enfrenta agora um espaço limitado para valorização, apesar dos sólidos fundamentos e das iniciativas para melhorar a produtividade das lojas e o mix de produtos, como a linha Fashiontronics, que inclui celulares, smartwatches e óculos.

O banco prevê que a divisão de produtos fashion alcance uma margem bruta de 40% até o quarto trimestre de 2025, o que resultaria em uma expansão de 1 ponto percentual na margem bruta consolidada ao longo do ano.

No entanto, essa expansão da rentabilidade já está, em grande parte, precificada.

Em relação ao C&A Pay, o banco observa contração significativa nas receitas, embora a rentabilidade deva permanecer resiliente devido às economias de custos e à redução das perdas com crédito.

Contudo, no terceiro trimestre de 2025, a empresa deve enfrentar uma base de comparação mais difícil, especialmente após o forte desempenho esperado para o segundo trimestre, dado o deslocamento das condições sazonais.

Pressão sobre margens

Para a Vivara, o Safra destaca que uma demanda do consumidor mais fraca pode impactar negativamente o desempenho da receita, especialmente na divisão Life, que é a de maior crescimento da empresa. As ações da Vivara tiveram alta de cerca de 25% desde a última atualização do banco.

Além disso, a empresa pode enfrentar dificuldades para reduzir seus elevados níveis de inventário — cerca de 680 dias de estoque no primeiro trimestre de 2025 — especialmente devido ao aumento contínuo do preço do ouro, o que pode representar um risco para sua rentabilidade.

O banco revisou sua previsão de receita líquida para 2026 para baixo em 12%, refletindo possível desaceleração econômica no segundo semestre de 2025. Também reduziu a estimativa de margem bruta para 2025 em 80 pontos-base, dada a pressão nos custos devido aos altos níveis de inventário.

Contudo, o Safra ajustou sua previsão de margem Ebitda para 2025 para baixo em apenas 40 pontos-base, considerando que as economias de despesas com istrativas e de vendas observadas no primeiro trimestre devem compensar parcialmente essa pressão.

No caso da Azzas, a empresa deve enfrentar uma desaceleração sequencial no crescimento da receita e uma expansão mais modesta da rentabilidade no segundo trimestre de 2025, em razão do adiamento de vendas no atacado para o primeiro trimestre e de uma base de comparação mais difícil para as margens.

Com isso, os analistas acreditam que a recente alta de cerca de 60% desde 14 de abril já incorporou grande parte do potencial de valorização no curto prazo. O banco vê espaço limitado para uma nova reavaliação.

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