Invest

S&P 500 e ouro sobem lado a lado: o mercado está prestes a explodir?

Movimento raro de alta paralela entre o S&P 500 e o ouro gera incertezas, com investidores equilibrando apostas em crescimento e proteção contra riscos econômicos

Estela Marconi
Estela Marconi

Freelancer

Publicado em 11 de junho de 2025 às 06h44.

O S&P 500 e o ouro estão subindo paralelamente a novos recordes, um movimento raro que tem levantado dúvidas entre analistas sobre o que está ocorrendo no mercado.

Segundo dados do MarketWatch, os dois ativos chegaram a bater recordes juntos em fevereiro. Na ocasião, o índice fechou a 6.129,58 pontos e o ouro atingiu US$ 2.949 por onça.

Neste ano, o ouro tem subido mais. Até segunda-feira, 9, os investimentos no metal acumulavam alta de 27%. Já o S&P 500 subiu apenas 2,1%, se recuperando após as quedas causadas pelas tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump em abril.

Normalmente, segundo o MarketWatch, as altas no S&P 500 sinalizam um certo otimismo e maior inclinação entre os investidores para o risco. Enquanto isso, o ouro é visto como um investimento seguro em tempos de incerteza no mercado. Mesmo opostos, ambos os índices estão subindo proporcionalmente. 

“É como ver alguém comendo salada e sobremesa ao mesmo tempo”, afirmou Adam Koos, da Libertas Wealth Management, ao MarketWatch. “Os investidores estão tentando ser saudáveis, mas ainda se protegem do que pode vir.”

Segundo Koos, esse tipo de comportamento não é comum, mas pode acontecer em momentos de euforia e medo coexistindo no mercado.

Procura por IA e incertezas econômicas nos EUA

De um lado, o S&P 500 reflete a aposta em uma desaceleração econômica suave, com lucros impulsionados por inteligência artificial. Do outro, o ouro sobe com preocupações de longo prazo, como déficits fiscais, enfraquecimento do dólar e compras por bancos centrais.

A correlação positiva entre ouro e ações, ainda que rara, pode indicar a presença de fatores distintos agindo ao mesmo tempo. É o que explica Dina Ting, da Franklin Templeton, também em entrevista ao MarketWatch.

Segundo ela, o movimento pode estar sendo alimentado por expectativas de juros mais baixos, preocupação com as contas públicas e demanda por ativos reais, como o ouro.

Keith Weiner, da Monetary Metals, acrescenta que as ações respondem a fatores de crescimento, enquanto o ouro é mais sensível ao medo, especialmente relacionado à inflação e à dívida. Hoje, os dois sentimentos estão em alta.

Especialistas projetaram que relatório do Departamento de Estatísticas Trabalhistas (BLS, na sigla em inglês), que será divulgado nesta quarta-feira, 11, deve apresentar uma alta na inflação dos EUA após 3 meses em queda. 

Investidores seguem apostando nos dois lados

Harley Kaplan, consultor financeiro, afirma que o comportamento atual mostra o peso da emoção no mercado. Para ele, os investidores seguem apostando no crescimento futuro com ações, mas mantêm o ouro como proteção.

Outro dado que ajuda a entender o cenário é a relação entre ouro e S&P 500, que mostra quantas onças do metal são necessárias para comprar o índice. Segundo Koos, essa razão está hoje em torno de 1,76, o que favorece o ouro.

Com a alta significativa no metal, o setor de joias vem buscado alternativas mais baratas para compensar os valores crescentes. Em 2025, a platina - um metal branco como a prata - acumulou uma valorização em mais de 30%. 

Segundo o MarketWatch, a tendência pode se manter caso os juros reais caiam, o Fed adote uma postura mais flexível e a incerteza siga sustentando a busca por proteção.

“É uma dança frágil”, disse Koos. “Como alguém equilibrando dois pratos girando. É possível por um tempo, mas exige movimento constante e as condições certas para que nenhum caia.”

Acompanhe tudo sobre:AçõesOuroMercados

Mais de Invest

LCI e LCA: com possível taxação, quais as melhores alternativas para investir?

Caixa libera saque de até R$ 3 mil do FGTS com biometria nos caixas eletrônicos

Petrobras (PETR4) tem alta firme com conflito entre Israel e Irã

Suzano (SUZB3) ganha 'compra' de Goldman Sachs e lidera altas no Ibovespa