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“Subestimamos a probabilidade de o governo Trump ceder tão rápido”, diz Fundo Verde

Fundo de Luís Stuhlberger segue zerado em bolsa brasileira e diz que animação com a bolsa encontrou "algum limite imposto pela realidade difícil da situação fiscal"

Verde: fundo está zerado em bolsa brasileira e aplicado em juro real americano (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Verde: fundo está zerado em bolsa brasileira e aplicado em juro real americano (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 10 de junho de 2025 às 19h19.

Última atualização em 10 de junho de 2025 às 19h21.

O recuo do governo Trump em relação às tarifas impostas à China neste mês pegou de surpresa o fundo Verde, que não conseguiu capturar a alta de 9,04% na Nasdaq neste mês.

“Subestimamos a probabilidade de o governo Trump ceder tão rápido e não conseguimos capturar essa recuperação do mercado acionário americano”, reconheceram os gestores do lendário multimercado na sua carta de maio, que acaba de ser publicada.

Ainda assim, o fundo rendeu 1,31% no mês, contra um avanço de 1,14% do CDI. No ano, a performance é de 6,12%, acima dos 5,26% do benchmark.

As proteções em bolsa global, o livro de moedas e a posição comprada em ouro  geraram perdas no mês. Já ao ganhos vieram do juro real brasileiro, e das posições em cripto e em inflação americana.

No cenário externo, para o Verde, o governo chinês tem usado com eficácia a ameaça implícita de restringir a exportação de metais e terras raras — insumos essenciais para diversas cadeias produtivas, incluindo as indústrias automotiva, eletrônica e de defesa.

“Em grande parte, por conta desta ameaça, vimos o governo Trump recuando tanto na retórica quanto na prática da imposição de tarifas”, reconheceram os gestores, que apontam uma “redução do risco percebido pelos mercados em relação ao conflito comercial global”.

Ainda assim, o Verde afirma que a incerteza continua alta no curto prazo.

“A incerteza em relação aos desdobramentos de curto prazo permanece elevada, já que os choques recentes de inflação e confiança nos Estados Unidos ainda estão sendo digeridos”, dizem os gestores. “A expectativa é que nos próximos dois a três meses o cenário fique mais claro.

O fundo segue esperando surpresas inflacionárias – tanto pelo choque tarifário quanto pelo crescimento da economia, que deve ganhar impulso com os pacotes de gastos de Donald Trump. (O Verde se negou a traduzir o ‘One Big Beautiful Bill Act’: “nosso senso se vergonha alheia não nos permite”, alfinetaram.)

A posição comprada em inflação implícita nos Estados Unidos, uma das principais apostas da casa, segue no book, mas parte dela agora foi trocada por uma alocação aplicada (apostando na baixa) dos juros reais americanos.

Enquanto isso, no Brasil...

O Verde segue zerado em Bolsa brasileira, e afirma que as “medidas arrecadatórias”, que tiveram início com o IOF, mostraram que o governo dá “sinais claros de que não entende as consequências de suas várias medidas”.

“A animação exacerbada com os ativos brasileiros – especialmente a bolsa onde o prêmio de risco comprimiu de maneira importante – parece ter encontrado algum limite imposto pela realidade difícil da situação fiscal”, afirma a equipe do fundo.

Sobre a reestruturação mais ampla na tributação de investimentos que vem sendo aventada como alternativa à alta de IOF, o Verde vê algum mérito – mas afirma que ele não ataca o problema.

“Embora o tema seja meritório ao reduzir distorções, a falta de articulação combinada à mais completa ausência de sinal de controle sobre os gastos, torna o tema bastante indigesto”, afirmam.

E conclui: “Como vimos em episódios recentes, é improvável que o Congresso aprove aumentos significativos de arrecadação. Diante disso, e pressionado por metas eleitorais em um cenário de baixa popularidade, o Executivo tende a adiar o enfrentamento do problema fiscal.”

No Brasil, o Verde segue com posições compradas em juros reais. Em moedas, o fundo zerou posições vendidas no renminbi chinês, e está comprados no euro, no ouro – e também no real, sinalizando que vê espaço para novas quedas do dólar.

A gestora também reduziu marginalmente a alocação em cripto, e manteve os livros de crédito high yield local e global.

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