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Ela começou como estagiária e hoje lidera um negócio de R$ 240 milhões

Ana Virgínia Falcão é CEO da Clube Turismo, considerada a maior rede de agências de viagens multimarcas do Brasil, com 561 unidades em operação em todos os estados do país

Ana Virgínia Falcão: CEO e cofundadora da Clube Turismo (Divulgação)

Ana Virgínia Falcão: CEO e cofundadora da Clube Turismo (Divulgação)

Caroline Marino
Caroline Marino

Jornalista especializada em carreira, RH e negócios

Publicado em 11 de junho de 2025 às 17h33.

Última atualização em 12 de junho de 2025 às 14h14.

A paraibana Ana Virgínia Falcão sempre soube o valor de aliar teoria e prática -- e nunca permitiu que o medo ou os “nãos” recebidos ao longo do caminho a paralisassem. Ainda no início da faculdade de Turismo, ela buscou um estágio para entender mais sobre a profissão e descobrir em qual área gostaria de atuar. No entanto, a primeira tentativa, em uma pequena agência de viagens em João Pessoa (PB), foi frustrada. Mas ela não desistiu. Ganhou experiência em outras áreas, como hotelaria e o setor público e, em 2006, foi convidada para ocupar uma vaga de estágio no mesmo local que a recusou anteriormente.

Ana aceitou a proposta e, no ano seguinte, foi efetivada como agente de viagens. “Desde que entrei na agência, busquei me aprimorar, colaborar com a equipe e oferecer um atendimento de excelência. Também fui proativa na execução de tarefas fora do meu escopo, mas que reconhecia como essenciais”, conta em conversa com a EXAME.

A evolução profissional continuou e, em menos de dois anos, Ana Virgínia tornou-se CEO e cofundadora da nova versão da empresa, a Clube Turismo. Na época, ela tinha 25 anos.

Hoje, a Clube Turismo é considerada a maior rede de agências de viagens multimarcas do Brasil, com 561 unidades em operação e previsão de faturar mais de R$ 240 milhões este ano.

Uma virada construída

Quem vê a trajetória da executiva pode não se dar conta dos desafios vivenciados por ela. No entanto, a evolução exigiu muita determinação, estudo e paciência, além de outros pontos fundamentais como a confiança depositada em seu trabalho. “Isso me motivou. Sabia que se o negócio crescesse eu também teria oportunidades”, lembra.

O convite para ser cofundadora e assumir o cargo de CEO não surgiu de uma promoção oficial, foi um processo natural, conforme ela assumia mais responsabilidades e mostrava o seu protagonismo. “Eu dominava a rotina da empresa e participei ativamente da etapa de formatação da franquia, um o essencial para potencializar o crescimento da companhia. A cada etapa, fui assumindo novas funções, tanto operacionais quanto estratégicas”, conta.

Clube Turismo: empresa é considerada a maior rede de agências de viagens multimarcas do Brasil (Divulgação)

O trabalho sempre esteve aliado a uma extensa agenda de estudos. “No período de desenvolvimento do modelo de franchising, eu já estava cursando MBA em Gestão Empresarial e de Pessoas, e vivenciava os desafios da liderança. Além disso, livros, eventos e aprendizados em todas as fases da formação foram fundamentais para essa jornada. O aprendizado é um processo contínuo”, diz.

Foi justamente nesse contexto de desenvolvimento estratégico e busca por soluções de crescimento, que surgiu a ideia de transformar a agência em uma franquia – iniciativa liderada por Ana. Na época, a empresa contava com apenas outras duas unidades (em João Pessoa e Aracaju).

“Seria muito difícil continuar abrindo outras filiais com capital próprio e, ainda, gerenciar as operações. Certo dia, atendendo a uma cliente frequente, ela disse que adorava viajar e tinha o sonho de ter uma agência de viagens, mas não se sentia segura para isso”, conta.

A partir daí, nasceu a ideia para um modelo de franquias.

Pesquisa e inovação

Como não havia verba para contratar um consultor especializado para iniciar a transição, Ana percebeu que aquela era uma grande oportunidade para se destacar ainda mais. “No mesmo dia, comecei a buscar informações sobre o formato de franquias e comprei livros sobre o assunto. Uirá Lima, fundador, e eu pesquisamos, estudamos materiais e analisamos as franquias do segmento que existiam na época. Dessa forma, elaboramos o nosso próprio modelo”, afirma.

A cliente que revelou o sonho de ter um negócio de turismo se tornou uma das primeiras franqueadas da Clube Turismo. E o processo de expansão foi rápido. Atualmente, a rede está presente em todos os estados do país e conta com três modelos: home office (sem necessidade de espaço físico, nem CNPJ), home office prime (com CNPJ) e lojas (estrutura completa em ponto comercial).

Em 2024, a Clube Turismo conquistou o 14º lugar no ranking das maiores microfranquias da Associação Brasileira de Franquias (ABF), sendo a primeira do segmento de turismo. Para manter a visibilidade no mercado e superar os R$ 240 milhões faturados no ano ado, a aposta do negócio para os próximos meses é focar no crescimento da base de franqueados e no investimento em tecnologia -- o mais alto feito até agora.

Recentemente, a Clube Turismo lançou o Iclube, um ecossistema multiplataforma voltado para otimizar a operação de franqueados e oferecer mais valor ao cliente final. Outro destaque é o ClubeCash, programa de cashback que já nasce como o maior do setor de turismo no país.

“Essas ferramentas darão ao nosso franqueado um alcance mais abrangente de público e oferecerão aos clientes ainda mais valor para viajar com a Clube Turismo”, diz a executiva.

Soft e hard skills

Para ter sucesso no mundo do empreendedorismo, Ana Virgínia ressalta que é fundamental dominar a área de atuação e entender sobre estratégia e gestão, mas tendo em mente que ninguém reúne todas as competências necessárias. Por isso, estruturar um time com especialistas em cada área – finanças, planejamento, gestão de pessoas, marketing e vendas, tecnologia e informação – é essencial.

Por outro lado, ela destaca a importância do desenvolvimento de habilidades comportamentais, como equilíbrio emocional e capacidade de lidar pessoas. “A liderança exige preparo, empatia e uma visão estratégica que alie conhecimento do setor com capacidade de adaptação constante”, afirma.

Para a CEO, o medo faz parte do caminho de quem deseja crescer. “Eu também já senti e, às vezes, ainda sinto. No entanto, ele não me paralisa; me desafia a superá-lo. Aprendi que coragem não é ausência de medo e, sim, a decisão de seguir mesmo assim. O receio de não agir em busca do que quero e acredito é muito maior que o de não tentar”, finaliza.

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